“Ser anti racista é se colocar também como parte do problema”, diz Adriana Couto em Aula Magna

Giullia Reggiolli

“Ser anti racista é se colocar também como parte do problema”, disse a jornalista Adriana Couto durante a Aula Magna do curso de jornalismo, compreendendo que é preciso ouvir outras referências, por mais que as intenções sejam boas. O evento foi promovido pela Escola Superior de Propaganda e Marketing de São Paulo (ESPM-SP), no último dia 20. A palestrante discursou sobre a temática de arte, cultura e a pauta do racismo. A questão tem ganhado relevância nos debates após a onda de protestos no mundo com a hashtag #BlackLivesMatter ou #VidasNegrasImportam em maio e junho.

Adriana é jornalista e apresentadora do programa Metrópolis da TV Cultura, no qual discutem o cenário cultural da capital paulista. Durante sua fala, ela destacou a importância da consciência sobre o olhar do colonizador na arte, “Conquistar um território, em muitos lugares no mundo, foi sinônimo de apagamento”.

A jornalista explica também que a branquitude já é um olhar universal, porém não deveria uma vez que está contaminado por um discurso de dominação. “Quem se beneficia com esse sistema da branquitude? Porque eu digo que a população negra nunca aceitou e sempre lutou, sempre cantou”, indaga

Adriana ao reforçar como a voz da comunidade negra nunca se perdeu e continuou com artistas e pensadores negros exercendo sua arte e representação. “Falar de representação é uma mudança chave para a mudança no imaginário da sociedade brasileira, na televisão ou no cinema”, e completa, “O que é ser negro no Brasil? Se olhar para televisão, é trabalhar em posições subalternas. Se for trabalhar na arte, no futebol, tem a visão pré estabelecida da ginga, da malemolência”.

A mulher negra é outro ponto de discussão, uma vez que Adriana defende, “Não tem como eu representar a mulher negra brasileira, porque elas são diversas. Mas não fazem o mesmo questionamento para a mulher branca, pois reconhecem que elas têm uma subjetividade e que elas são diversas, mas a mulher negra também é”.  Até mesmo no jornalismo ela reforça a necessidade de revisão.