Ex-alunos dividem experiências em aula magna de Jornalismo

Rafael Saldanha 


Em 3 de março aconteceu a aula magna do curso de Jornalismo da ESPM-SP. Na abertura do evento, realizado no período da manhã, a professora e coordenadora, Maria Elisabete Antoniolli, lembrou o aniversário de dez anos do curso e apresentou aos presentes os dois ex-alunos palestrantes, Bianca Gomes, repórter do Estadão e Gabriel Wainer, editor de política na Globonews. Antes da professora, o diretor acadêmico da ESPM, professor Rodrigo Cintra, proferiu algumas palavras e afirmou ser um momento muito simbólico para todos.

Formada em 2018, Bianca iniciou a sua participação contando sobre a experiência no mercado e lembrando que tudo começou ainda na ESPM. Segundo a jornalista, a participação nas oficinas do Centro Experimental de Jornalismo (CEJor) foi fundamental e no Projeto de Iniciação Científica (PIC) descobriu-se repórter.

“Um mês depois do final da Iniciação, concorri a uma vaga de estágio no Estadão e passei. Estagiei por um ano e fiquei rodando na redação durante a madrugada. Depois, fui para economia e política, e, desde março do ano passado, entrei em política. Aí começou a pandemia”, contou. Para Bianca, o programa de trainee do Estadão é a melhor oportunidade para quem deseja trabalhar no veículo.

Dentre os trabalhos mais importantes da carreira, Bianca destacou “A História de Alana e Pedro Henrique. Até o Mais Triste fim”, que aborda a tragédia de um feminicídio. Outro destaque, para ela, que afirma ser o jornalista, antes de qualquer coisa, um bom contador de histórias, foi uma entrevista com Maria da Penha.

Gabriel Wainer concluiu o curso um ano antes, em 2017. O jornalista contou sobre a sua jornada até chegar a editor do programa diário “Em Ponto”, da Globonews, onde está atualmente. Com um histórico familiar de jornalistas, e conhecedor do seu desejo de trabalhar no meio, escolheu primeiramente estudar publicidade, temeroso com a “desvalorização financeira” da profissão, mas a paixão falou mais alto e decidiu logo estudar jornalismo.

Gabriel chegou ao Estadão pelo programa trainee, chamado Focas, e foi selecionado para o projeto Carrapato, implantado nas eleições presidenciais de 2018, para cobertura de candidatos para a rede social Instagram. Na ocasião, Gabriel acompanhou o candidato Ciro Gomes e teve a oportunidade de segui-lo pelo Brasil.

Com essa experiência, ressaltou a importância de ter uma boa relação com as fontes: “Fomos para Boa Vista, Roraima, e vi um jornalista fazendo uma pergunta ao Ciro, uma provocação barata, e o Ciro deu um empurrão nele. Publiquei o vídeo da história, contextualizando, porque isso era importante para que entendessem o episódio. Quando voltei ao hotel, no fim da tarde, o Ciro me ligou agradecendo”, contou.

Na televisão, Gabriel viu sua rotina alterada. Ele entra na emissora às 2h da madrugada, e o programa vai ao ar às 6h. Sobre isso, o jornalista falou sobre estratégias de programação, linguagem audiovisual e seu papel na emissora de escolher as matérias que são transmitidas à audiência, além do trabalho de edição do roteiro do jornal.

Por fim, Wainer conversou sobre o valor do jornalismo brasileiro, mencionando uma “dualidade da avaliação das pessoas”, na qual, simultaneamente, o jornalismo é desvalorizado socialmente e financeiramente, porém é muito importante para a sociedade brasileira. “Estou cansado, mas ao mesmo tempo motivado, porque acho que o que a gente faz, nunca foi tão importante”.