O jornalismo de dados na cobertura da pandemia é tema de debate

O ESPM Ahead, evento que marcou a comemoração dos 70 anos da ESPM, promoveu um bate-papo sobre Jornalismo de dados na cobertura da pandemia. Participaram o jornalista, professor e mestre em Produção Jornalística e Mercado pela ESPM-SP, Ricardo Fotios, e Judite Cypreste, repórter de dados no Metrópoles, diretora executiva e CEO fundadora do Colaboradores, além de apresentadora no podcast Coluna7

Um dos principais assuntos abordados foi a falta de transparência de dados fornecidos pelos órgãos públicos. “Se não sabemos se está aumentando ou diminuindo , a gente não tem ideia do cenário”, afirmou Judite. A jornalista relatou sobre quando escreveu uma matéria relacionada a casos de Covid-19 em profissionais da saúde de São Paulo e faltaram dados: “O governo falou que não tinha e ele tinha ”.

Judite citou ainda algumas fontes para busca de dados e, entre elas, a plataforma Colaboradados, que ela criou e oferece “acesso a diversos portais de transparência das entidades governamentais para ir atrás dos dados públicos”. 

No período da pandemia, os dados foram essenciais para compreender a média móvel de mortes, o número de novos casos, o número de pessoas vacinadas. Nas palavras da repórter, os jornalistas tiveram que mudar sua forma de pensar sobre análise de dados nos dois últimos anos: “Basicamente ficamos num processo em que dependíamos dessas informações para entender o que estava acontecendo”.

Judite lembrou a Lei de Acesso à Informação, sancionada em 18 de novembro de 2011. Na visão da jornalista, o Brasil foi um pouco tardio em relação a essa lei de acesso a dados governamentais, resultando em uma falta de cultura do país. 

Judite finalizou dizendo que a atividade no jornalismo de dados acontece em um ambiente machista: “As pessoas duvidavam que eu programava, chegava a ser engraçado quando eu mostrava que sabia fazer o meu trabalho”.