A tese Cenas de dissenso, arranjos disposicionais e experiências insurgentes: processos comunicativos e políticos em torno da resistência de estudantes secundaristas, de autoria da pesquisadora e professora da ESPM-SP Francine Altheman, recebeu o Prêmio Compós de Tese 2021. O trabalho, orientado pela professora Ângela Marques e defendido em julho de 2020 no doutorado em Comunicação Social da UFMG, concorreu com teses defendidas em todos os Programas de Pós-Graduação em Comunicação do país.
“O prêmio de melhor tese da Compós significa para mim o reconhecimento de um esforço de pesquisa que levou mais de quatro anos e que me enche de orgulho, não só pela premiação, mas também pelo resultado desse trabalho. Como é uma proposta de pesquisa não-linear, que foge, de certa forma, de um padrão acadêmico, o processo de produção foi uma aposta arriscada, que me transformou também como pesquisadora e me fez olhar para experiências disruptivas, fissuras, arranjos comunicacionais que tensionam, mas que também promovem emancipações e transformações. Com certeza, é uma honra ganhar esse prêmio!”, comemora.
Francine Altheman analisou os movimentos de insurgência, também conhecidos como os mais novos movimentos sociais. “Meu principal foco na pesquisa foram os movimentos de resistência, ou insurgência, mais especificamente os processos comunicativos que permeiam esses movimentos e os transformam politicamente, assim como transformam os sujeitos envolvidos na insurgência”, conta.
A pesquisadora revela que sempre se interessou por movimentos sociais, participou de grêmio estudantil e tinha a curiosidade de entender um pouco mais como isso acontece. Assim, o estudo foi motivado pelas ocupações em mais de 200 escolas no Estado de São Paulo, em 2015. “Foquei no movimento secundarista que tinha acabado de acontecer quando comecei a pesquisa, então estava tudo muito fresco, acontecendo junto com o meu processo como pesquisadora, e isso me motivou bastante”, salienta.
Os diferenciais da pesquisa foram pontos positivos que levaram ao prêmio. “Eu me inspirei na obra do Rancière, mas também fiz uma costura com Foucault, o que não é muito usual, as pessoas não costumam colocar esses dois autores juntos e eu acho que isso já foi uma aposta no meu trabalho, que eu arrisquei bastante”, destaca. “E outro ponto alto que é bem importante é a forma como eu trabalhei o método de pesquisa. Eu não trabalhei uma forma encaixotada, referencial teórico, metodologia e análise do objeto, eu misturei tudo na verdade. A minha tese eu considero como um grande bololô”.