A premiada jornalista Patrícia Campos Mello foi convidada para ministrar a Aula Magna do curso de Jornalismo da ESPM São Paulo. Patrícia ressaltou que o dever principal de um jornalista é se manter crítico e não fazer falsa equivalência, principalmente durante a cobertura de eventos políticos.
Considerando o cenário atual, a comentarista da TV Cultura e repórter especial da Folha de S. Paulo discorreu sobre a importância de jornalistas se fazerem ouvidos e usarem sua voz em frente ameaças feitas à democracia, contra-atacando com o melhor tipo de ativismo dentro da profissão: fazendo matérias relevantes e verídicas. Campos Mello também destacou a necessidade de saber distinguir estratégias de governos atuais com características ditatoriais e padrões de censura comumente vistos na Ditadura Militar.
Patrícia ainda aconselhou os futuros jornalistas sobre como exercer a profissão durante a era do cancelamento. A jornalista afirma que nada pode prepará-los para o que as pessoas podem fazer ou dizer, porque suas vidas estão expostas nas redes sociais. Entretanto, ela acrescentou que um aspecto importante abordado nas redações é a segurança física e digital dos jornalistas e como eles devem lidar com conflitos, cuidando de sua reputação e tomando os devidos cuidados com ameaças feitas na internet.
Campos Mello mencionando seu estado emocional durante ataques presenciais e digitais após fala sexista do ex-presidente da República Jair Bolsonaro. Ela relembra que ao imaginar pessoas recebendo memes pornográficos de seu corpo, sua vontade era de “ esconder embaixo da cama e nunca mais sair”.
Entretanto, mesmo passando por um período em que não tinha paz em sua própria casa, pois era atacada verbalmente por sua vizinha, Patrícia processou o ex-presidente e venceu. Com o tempo os memes foram esquecidos e as ameaças pararam, mas ela afirma que conciliar sua função de repórter com a de mulher foi um dos maiores desafios de sua carreira. Ela finaliza ressaltando o aspecto positivo de sua posição e que ser uma mulher jornalista cobrindo uma guerra possibilita a criação de uma matéria com mais empatia.